Instituições são feitas por pessoas. Mas pessoas podem ser inconsistentes, instituições não, por isso devem ter capacidade de gerir-se internamente, a partir de um sistema cultural-organizacional que permita abertura e diálogo na administração de pessoas e ideias e tenham clareza dos seus papéis na sociedade.
Com o advento da globalização, que descentralizou informações, conceitos e verdade, as instituições foram se liquefazendo e as pessoas, perdendo a coletividade. Assim, instituição por instituição, hoje no Brasil, estamos afogados por instituições cada vez mais inconstantemente fluídas, desde o próprio Estado.
Para além das relações de causa e consequência, um reflexo dessa liquidez é a perda de objetivos da Instituição Escola no nosso país, onde os centros educacionais apenas formam alunos para serem aprovados em universidades onde compram o caminho do sucesso individual.
Assim, indivíduos anti sociais e anti coletivos, cada vez mais egóicos e narcísicos, estão construindo as instituições contemporâneas que atuam sem centralidade na condução de uma sociedade sem rumo. As instituições se individualizam e criam camadas burocráticas de proteção e impedimentos, que dificultam e distanciam o censo nacional e coletivo de atuação centrada no desenvolvimento.
O adoecimento descentralizado das instituições afeta diretamente em como as pessoas agem e se organizam na sociedade e é por isso, que quando os números apontam para aumento dos índices de violência, todas as instituições carregam parte da responsabilidade de terem falhado na construção da alma do brasileiro, isolando-o da construção da identidade nacional e por não ter promovido uma cultura de socialização que permita acolhida e construção de seres humanos emocionalmente saudáveis.
Afinal de contas, com quem e com o quê se comprometem as instituições brasileiras?