A Uber vai encerrar as operações do Uber Eats no Brasil. Em nota enviada para Mobile Time, a companhia informou que o serviço de intermediação de restaurantes funcionará até o dia 7 de março. Depois disso concentrará seus esforços em outros serviços de entrega.
“A partir de agora, a empresa vai trabalhar em duas frentes: com a Cornershop by Uber, para serviços de intermediação de entrega de compras de supermercados, atacadistas e lojas especializadas; e de entrega de pacotes pelo Uber Flash”, informou. “Depois desta data (7 de março), os usuários poderão usar o app do Uber Eats para aproveitar a melhor seleção de supermercados e atacadistas do Brasil, assim como itens de decoração, papelaria, bebidas e produtos para pets, entre outros”, completa.
Atualmente, o Cornershop está disponível em mais de 100 cidades do Brasil. De acordo com a companhia, o delivery de mercado quase triplicou o número de pedidos. A Uber afirma ainda que expandirá o Uber Direct, produto corporativo que permite que lojas façam entregas no mesmo dia para seus clientes e que mantém o “compromisso com seus mais de 1 milhão de motoristas parceiros” que geram renda fazendo viagens e entregas pela plataforma.
Coincidentemente, a ação da Uber terminou nesta quinta-feira avaliada em US$ 42, queda de 2,8% ante US$ 43,3 da última quarta-feira. A saída do Uber Eats do mercado brasileiro foi amplamente noticiado por veículos internacionais.
Impacto
a Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) disse que, se concretizado, o fim das operações no Brasil da Uber Eats é muito ruim para o setor: “O mercado precisa de mais empresas competindo no segmento de entrega de restaurantes. Sem um ambiente regulatório e decisões, especialmente do CADE, que assegurem essa boa competição, consumidor e restaurantes ficarão cada vez mais vinculados a algumas opções de aplicativos disponíveis no País”, avalia.
Por sua vez, a Associação Nacional de Restaurantes (ANR) lamentou o encerramento das atividades da Uber Eats no Brasil, e vê a saída do app como uma “perda de competitividade” no setor de food service.
“Neste momento ainda delicado, no qual a economia precisa de maior tração, é importante ter um leque de operadores. Embora seja uma baixa importante, o mercado de delivery vem ganhando novos atores com propostas inovadoras e bastante interessantes para garantir melhores condições e benefícios a todo o ecossistema – dos entregadores aos restaurantes e consumidores”, responde a ANR.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, acredita que é sintomático que a saída da Uber Eats do segmento aconteça um mês após o fim do Delivery Center: “Ficamos em alerta máximo especialmente pelos motivos aventados: a dificuldade de transpor as barreiras impostas pela empresa líder desse mercado. Embora essas hipóteses ainda não estejam confirmadas, o fato da Uber Eats ter encerrado as atividades apenas por aqui é um indicativo de que esse mercado esteja adoecido, precisando de um remédio mais forte”, afirma Solmucci em nota ao Mobile Time.
Na visão do representante da Abrasel, a solução para o setor seria o Open Delivery, um código aberto para padronização de cardápios e pedidos. Assim como o SindimotoSP, os comerciantes também citam como problema o amplo domínio do iFood. Solmucci lembra que a associação de bares e restaurante entrou com um pedido – ao lado de 99, Rappi e Uber – no CADE para acabar com os contratos de exclusividade do iFood, algo que foi aceito em 2021.
Por Henrique Medeiros adaptado por Mariana Moura